Estudos e pesquisas ligados à saúde mental da população realizados após a pandemia, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a National Alliance on Mental Illness (NAMI) têm apontado para um aumento exponencial nos níveis de estresse, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental na população em geral.
O Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS , de junho de 2022, mostrou que mais de um bilhão de pessoas sofrem de algum um transtorno mental no planeta. Destes quase 200 milhões são adultos em idade ativa, o que corresponde praticamente à população toda do Brasil.
O isolamento social, as preocupações com a saúde, as mudanças na rotina e a incerteza econômica foram fatores desencadeantes significativos. Essa falta de conexão com a comunidade contribuiu sensivelmente para o agravamento e surgimento desses problemas.
E o que isso tem relação com o Urbanismo?
Tudo! O urbanismo pós pandemia deve reconhecer e abordar esses desafios. Ele tem um papel importantíssimo já que estuda e trabalha no desenvolvimento das cidades. E as cidades são “organismos” vivos onde ocorrem a maioria das interações humanas, por intermédio do espaço urbano. Mas como?
Alguns pontos de como o urbanismo pode contribuir
Centralidades como espaços de convívio: O urbanismo pode desempenhar um papel importante por meio da criação de mais centralidades que estimulem o convívio. As centralidades são áreas urbanas densas e diversificadas que reúnem habitação, comércio, serviços, cultura e espaços públicos. Essas áreas proporcionam oportunidades de encontro e interação social, promovendo a conexão comunitária e combatendo a solidão.
Fortalecimento do senso de comunidade: As centralidades, ao reunir pessoas de diferentes origens e idades em um ambiente urbano vibrante, contribuem para o fortalecimento do senso de comunidade. O contato frequente com vizinhos, a participação em atividades coletivas e a criação de espaços públicos de qualidade encorajam a interação social, reduzindo o isolamento e fomentando relacionamentos saudáveis.
Estímulo à mobilidade ativa: O urbanismo pensado nas centralidades também promove a mobilidade ativa, como caminhada e ciclismo. Ao projetar espaços urbanos que sejam seguros, acessíveis e atraentes para pedestres e ciclistas, incentiva-se a prática de atividades físicas diárias. A atividade física regular é benéfica para a saúde mental, reduzindo o estresse e melhorando o humor.
Planejamento de ruas e calçadas: Ruas e calçadas bem projetadas podem promover a saúde mental dos moradores urbanos. Calçadas amplas e seguras incentivam a caminhada e o ciclismo, proporcionando oportunidades de exercício físico e estimulando a interação social. Além disso, um planejamento que priorize a segurança viária contribui para reduzir a ansiedade relacionada ao tráfego.
Fomento à diversidade e inclusão: As centralidades, ao oferecerem uma variedade de serviços, comércio e oportunidades de emprego em um ambiente concentrado, fomentam a diversidade e a inclusão. Essas áreas são acessíveis a pessoas de diferentes origens socioeconômicas, culturais e étnicas, criando um senso de pertencimento e promovendo a tolerância e o respeito mútuo.
Design urbano acolhedor: O design urbano pode desempenhar um papel fundamental na criação de espaços acolhedores que promovam a saúde mental. Ruas arborizadas, iluminação adequada, espaços de descanso e uma variedade de amenidades urbanas criam ambientes agradáveis, convidativos e seguros, que influenciam positivamente o estado de espírito e a qualidade de vida dos moradores. Deixemos de pensar em “centralidades” formadas apenas por loteamentos fechados que não necessariamente são sinônimo de segurança.
E por fim a criação de espaços verdes não artificiais valorizando o contato consciente com a natureza: O urbanismo pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde mental, proporcionando acesso a espaços verdes e contato com a natureza. Parques, jardins, praças e áreas de lazer ao ar livre são essenciais para reduzir o estresse, melhorar o humor e promover o bem-estar emocional.
O urbanismo é resiliente e já foi responsável, historicamente, pela solução de muitos problemas no cotidiano das cidades. Até o período pré-pandemia passamos por décadas acreditando que o isolamento em “ilhas urbanas” cercadas e fechadas e com lotes cada vez menores seriam o futuro. Hoje percebemos que o urbanismo se deixou levar somente por fatores econômicos e tecnológicos, deixando as interações sociais, que é para que as cidades são pensadas, em segundo plano.
A Urbis está atenta a tudo isso e tem pensado muito em como fazer a diferença na vida das pessoas através de projetos técnica, econômica e ambientalmente viáveis, mas sobretudo que possam causar impactos positivos e duradouros na vida das pessoas.
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